domingo, 27 de setembro de 2009

Agora e depois. (eu e o tempo II)

Penso em como - ou quanto, até que ponto - nossa existência depende da nossa consciência.
No sentido de que parece que as coisas somente acontecem, assim de verdade, quando estamos conscientes. Pense nas melhores e piores coisas que aconteceram na sua vida, e na forma com que você pensou nelas durante o tempo que aconteceram.
Pode parecer meio estúpido, mas pense bem.
Por exemplo uma festa de casamento, um evento, sei lá. A graça do negócio só tem graça se você pensou no momento "legal que eu estou aqui."
Digamos que você tivesse passado a festa inteira pensando em outra coisa. Aí ao final de tudo, diria "nossa, já foi! Mas é como se eu nem tivesse estado aqui!"

Um pensamento um tanto inútil , certo?
Mas se pensar bem, quanto dos meus neurônios tenho gastado em viver as coisas no momento em que estão acontecendo?
Faz todo sentido que na Bíblia nos é dito para viver dia após dia, e não ficar gastando o presente com as preocupações com as coisas que ainda não chegaram.

Não raro me vi vivendo uma rotina em que acordava esperando pelo momento de ir pra aula, assistia a aula esperando o almoço, almoçava esperando o estagio, trabalhava esperando dar a hora de ir embora, ia embora esperando pra chegar em casa, chegava em casa esperando pra dormir, dormia esperando pra acordar, acordava esperando pelo momento de...

Não parece sem sentido? Ou será que acontece sem que a gente perceba?
Quanto menos tempo gastarmos no presente menos importante a vida fica e vivemos eternamente frustrados, como se esperando para que ela chegue.

E aí esse futuro que parece tão ameaçador, de olhos grandos engolindo o agora diminui de tamanho e se torna como o presente de natal embaixo da árvore. Sabemos que está ali e que vai continuar ali, e parece quase mais bonito assim empacotado pro "depois" do que aberto no nosso colo.
E o papel rasgado todo rasga junto qualquer outra expectativa e tudo aquilo que ele não é.
Sobra apenas aquilo que ele é.

Não que a verdade do que as coisas são seja pior do que a expectativa quase que sem fôlego daquilo que elas poderiam ser, mas acho que devíamos concordar que uma árvore cheia de presentes é muito mais linda do que um armário socado de... sei lá, pijamas.


*obs. Nada contra ganhar pijamas de Natal! Adoro pijaminhas!
:]

domingo, 13 de setembro de 2009

Oração dos alpes



Nada em ti destoa.
E tampouco exagera, Senhor dos Exércitos.
De repente no meio das tuas montanhas cegando os olhos com a luz do branco e vendo o reflexo do vermelho do sol nos alpes e a cremosidade da tua neve e a grandeza do teu alto e a diferença das alturas e texturas e o céu tão claro tão azul tão limpo tão teu, Abba.

Nada em ti me humilha.
talvez por sentir quando humilhada destruída admiro tanto essa tua capacidade de sempre me fazer sentir digna.

Oras, digna.

E as minhas orações de sempre que sempre se repetem sempre pareceram soar tão ínfimas nos abismos das tuas montanhas e tão pequenas e tão baixinhas, e o eco...

Se perderam as minhas orações na tua grandeza.

E [bendito seja] saber que minhas palavras são quase ridículas perdidas na majestade do resultado das tuas não me faz sentir longe de ti, nem te sentir falso, nem me sentir desprezível, nem por um instante, nem nada.

em 30 de dezembro de 2008.